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A importância da imaginação e da criatividade na infância

A etimologia da palavra “criança” tem a mesma origem no latim que a palavra “criar”. O fato é curioso, já que é da natureza da criança brincar, criar e imaginar, não só para se divertir, mas também para se desenvolver. Mas qual é o papel da imaginação e da criatividade nesse período?

A criatividade é tudo aquilo que a criança manifesta de forma espontânea, seja com o corpo, com as brincadeiras ou com as artes. Isso pode acontecer, inclusive, com os bebês. É o que explica Adriana Friedmann, coordenadora do Mapa da Infância Brasileira e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento. 

“A criatividade acontece de forma permanente nas crianças o tempo inteiro”, pontua a especialista. “Quando ela é deixada de forma espontânea, ela está inventando, está experimentando e está recriando o mundo para aprender.”

Já a imaginação é tudo que a criança inventa. “Muitas vezes tem a ver com imitar o mundo à sua volta, ou expressar seus desejos, suas emoções, seus medos”, explica Adriana. “Fantasia e imaginação são irmãs gêmeas, digamos assim, e esse universo se expressa muito nas narrativas da criança.”

“Fantasia e imaginação são irmãs gêmeas, digamos assim, e esse universo se expressa muito nas narrativas da criança”

Isso começa a acontecer a partir dos três anos de idade, quando a criança se descobre diferente das demais. Nessa fase, ela passa a imitar o universo ao seu redor, incluindo os adultos que a cercam. A imaginação tem um  papel fundamental nesse processo, que ajuda também a desenvolver as primeiras habilidades sociais, por exemplo, por meio da imitação.

Literatura infantil como ferramenta

Juliana Pádua, pesquisadora em literatura de infância e consultora pedagógica, comenta o papel dos livros nesse terreno fértil para a brincadeira e a imaginação. “A literatura de infância, principalmente a do século 21, traz várias linguagens, não somente a palavra”, explica. 

As ilustrações presentes em um livro infantil, por exemplo, não somente enfeitam as páginas, mas ajudam a construir os sentidos. “Então os livros convidam esse leitor a uma participação. Participação para olhar a palavra, olhar para a imagem, olhar para o próprio movimento”, explica Juliana. 

Para Adriana, é fundamental que o educador ofereça oportunidades para que a criança expresse sua imaginação e criatividade, seja desenhando, pintando ou representando. “É um universo imenso [de atividades] importantíssimo, porque são esses primeiros anos que vão definir todo o futuro dela como ser humano”, reforça a especialista.

“A literatura de infância, principalmente a do século 21, traz várias linguagens, não somente a palavra”

As atividades escolhidas devem estar adequadas ao momento, ao interesse e às potencialidades de cada criança. Isso exige que o docente esteja atento e observe cada uma delas. “O mais importante é compreender que ela se desenvolve de forma integral, na sua cognição, nas suas emoções, no seu corpo, nos seus sentimentos e na socialização”, afirma a especialista. 

Juliana pontua que é importante trazer a literatura como ferramenta para o exercício da criatividade, incentivando as crianças a se expressarem e criarem em cima do conteúdo. “Quase sempre são atividades de identificar um adjetivo, contar quantas palavras começam com a letra S, quem é o autor. A criança não tem oportunidade de refletir e criar situações”, critica a pesquisadora.

Incentivar a criança a imaginar e criar a partir da leitura de um livro também ajuda no desenvolvimento de habilidades fundamentais para os dias de hoje. Uma delas é o pensamento crítico, científico e criativo, que consta como uma das 10 Competências Gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). 

“Com essa literatura, eu estou desenvolvendo outras linguagens que não só a palavra. Uma linguagem com um olhar mais sensível, de alguém que, futuramente, quando for ver uma fake news, terá essa sensibilidade aguçada”, comenta Juliana.

Autora: Aline Naomi.

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

Saiba mais sobre o ato de imaginar, criar e compartilhar, neste vídeo, preparado pela Faber-Castell Edux, em parceria com Bianca Solléro:

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