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Aprendizagem Criativa engaja e resgata a motivação dos estudantes em um cenário de pandemia

Antes mesmo da pandemia de Covid-19, a escola já dava sinais de que precisava se atualizar. Neste período de aulas remotas, ficou ainda mais evidente que o modelo tradicional não engaja os estudantes e também não dá conta de desenvolver habilidades e competências necessárias para que eles sejam felizes e tenham sucesso no seu projeto de vida. Diante de tantos desafios, também é hora de olhar para a pandemia como uma possibilidade de reinventar. A Aprendizagem Criativa é um bom caminho para isso. 

Justamente por partir do interesse dos estudantes, a Aprendizagem Criativa ajuda a resgatar a motivação e o engajamento deles com experiências educacionais inesquecíveis e mão na massa. Além disso, ela também possibilita desenvolvimento de habilidades e competências conectadas com BNCC (Base Nacional Comum Curricular), fator que a torna um caminho interessante para superar alguns desafios e deficiências da escola atual.   

No entanto, é preciso considerar que existem alguns pontos de atenção para implementar a Aprendizagem Criativa diante do cenário corrente, em que muitas escolas permanecem fechadas e ainda enfrentam dificuldades com o modelo de aulas remotas.  

“Diante de tantos desafios, também é hora de olhar para a pandemia como uma possibilidade de reinventar a escola. A Aprendizagem Criativa é um bom caminho para isso.” 

O primeiro deles é que muitos professores ainda não estão habituados a trabalhar com abordagens pedagógicas mais ativas e centradas no aluno. Isso não é algo muito intuitivo e exige um processo de adaptação, de começar com atividades e materiais mais simples para depois desenvolver coisas mais complexas. O segundo é o de estabelecer um espaço na casa dos estudantes para que eles se sintam à vontade para criar. Para isso, é preciso contar com o comprometimento e o apoio das famílias   

Uma vez tratadas essas questões, o professor vai perceber que a Aprendizagem Criativa, tal qual defendemos aqui no Brasil, pode ser feita a partir de uma série de materiais simples que já fazem parte do cotidiano dos estudantes. Ela é muito democrática em termos de acesso, porque a ideia é que ninguém se sinta mal por não ter uma determinada tecnologia à disposição.  

No próprio site da RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa), temos uma série de sugestões de atividades. Muitas delas podem ser feitas com um papel e um lápis. Por exemplo: os estudantes podem criar uma capa com as manchetes que gostariam de ver sobre o seu bairro daqui a 10 anos. Isso pode ser produzido tanto com uma folha, com ou sem colagens de revistas, como também com um editor gráfico no computador.  

“Acima de tudo, é importante pensar para qual escola queremos que as crianças, adolescentes e jovens voltem. Não faz sentido voltar para uma escola que já estava atrasada” 

A Aprendizagem Criativa também parte dos interesses locais. Se você atua em uma comunidade quilombola,  indígena, ou mesmo urbana, a ideia é que os estudantes também tenham espaço para falar sobre a sua vida e a sua cultura. Queremos criar um ambiente de respeito e valorização.  

O lado afetivo da Aprendizagem Criativa também é muito importante. Quando falamos sobre os 4 Ps (Projetos, Parcerias, Paixão, e Pensar brincando), o respeito mútuo e o incentivo à exploração livre são fundamentais. Isso nos permite compartilhar, errar, aprender coisas novas e também mudar de ideia. Sempre partimos do princípio de que todo mundo é criativo. A criatividade é uma habilidade natural das pessoas que precisa de espaço para ser exercitada.  

No período de retomada das aulas pós-pandemia, será preciso considerar todos esses elementos. Acima de tudo, é importante pensar para qual escola queremos que as crianças, adolescentes e jovens voltem. Não faz sentido voltar para uma escola que já estava atrasada. Vamos aproveitar o momento e possibilitar aos alunos uma educação alinhada com seu próprio tempo e preparada para o futuro.  

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir

LEO BURD 

Pesquisador do MIT Media Lab e diretor da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, uma iniciativa que mobiliza milhares de professores, pais, artistas, pesquisadores, estudantes, empreendedores e gestores de todo o país em prol de uma educação pública mais criativa, mão na massa e relevante para todos.Fora do MIT, Leo trabalhou para grupos como o Banco Mundial, a Microsoft e o governo brasileiro. Também coordenou uma organização sem fins lucrativos que construía escolas de “computação e cidadania” em favelas e foi um dos principais contribuintes de várias iniciativas internacionais voltadas para a melhoria da qualidade de vida. Nascido e criado no Brasil, Leo Burd cursou computação no ITA, obteve um mestrado em design de software educacional pela UNICAMP, e um doutorado pelo MIT Media Lab focando no desenvolvimento de tecnologias para o empoderamento social. 

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