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10 educadores brasileiros que nos ajudam a refletir sobre o futuro da educação

Para celebrar o Dia Nacional da Educação, comemorado em 28 de abril, reunimos em uma lista especial as trajetórias de 10 educadores brasileiros. Em diferentes épocas, eles apoiaram a construção de uma educação mais inclusiva, justa e democrática. Dessa forma, contribuíram para a existência de um modo de ensino criativo e inovador, abrindo caminhos e deixando um legado para que essas melhorias se consolidassem cada vez mais no futuro.

Confira a seguir!

Anísio Teixeira

Personagem central na criação da escola pública no Brasil. Este é Anísio Teixeira (1900-1971), jurista, intelectual, escritor e, acima de tudo, um dos grandes educadores da história do Brasil. Natural de Caetité, cidade localizada no sertão da Bahia, Anísio era conhecido por defender uma educação construtivista, que enxergava os alunos como agentes transformadores da sociedade.

Uma de suas frases célebres dizia: “Sou contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância.” Marcando posição a favor de uma educação livre de privilégios, um dos maiores legados de Anísio foi o de fortalecer o entendimento público acerca da necessidade de se democratizar o acesso ao ensino.

Conheça mais sobre Anísio Teixeira.

Paulo Freire

Nascido no Recife (PE), Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) é considerado – além de Patrono da Educação Brasileira – um dos pensadores mais relevantes na história da pedagogia em todo o mundo, tendo influenciado diretamente o movimento da pedagogia crítica. 

No início de sua carreira como pedagogo, criou um método de alfabetização que, de tão eficaz, foi adotado pelo governo brasileiro em 1964, através do Plano Nacional de Alfabetização. Porém, o golpe militar de 1964 suspendeu a ideia. A ditadura, no entanto, não foi suficiente para impedir a disseminação de seus ideais populares e libertários, dentre os quais se destaca a pedagogia do oprimido, conceito que defende uma educação fundamentada no diálogo, tendo como base a participação ativa dos educandos no processo de aprendizado e na reflexão crítica sobre a sua própria realidade.

Descubra aqui o universo de Paulo Freire.

Maria Nilde Mascellani

Maria Nilde Mascellani (1931-1999) é uma das responsáveis pelo surgimento do Serviço de Ensino Vocacional (SEV), também conhecido como Ginásios Vocacionais (GVs), que tinha a ambiciosa missão de formar seres humanos livres, criativos e críticos, capazes de transformar o território onde vivem.

Paulistana de nascimento, a educadora apoiou a elaboração de um currículo pensado a partir do contexto social e histórico da escola e dos alunos, proporcionando metodologias que privilegiavam aprendizagens significativas, interdisciplinaridade e a autonomia dos alunos, além de estudos por meio de situações-problema, de projetos e do território.

Veja aqui uma palestra de Maria Nilde Mascellani sobre os Ginásios Vocacionais.

Tião Rocha

Formado antropólogo, reconhecido como folclorista e autodefinido como educador popular. Esse é Sebastião Rocha, mais conhecido como Tião Rocha. O mineiro de Belo Horizonte, nascido em 1948, é dono de uma das personalidades mais peculiares do universo da educação brasileira. Ferrenho defensor de territórios educativos, ele costuma dizer que um dos principais equívocos da sociedade foi delimitar a escola como o espaço da educação.

“Na realidade todos os espaços são educativos, desde que haja troca de pluralidade. E ao reduzir essa escola, estabeleceu-se um modelo, padrão de quem a constrói. Ela é seletiva, excludente, não acompanha o olhar e necessidade do todo. Cumpre o papel de atender à demanda do poder político e ideológico”, já criticou.

Em 1984, Tião fundou o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), instituição de aprendizagem sem fins lucrativos que até hoje promove educação popular e desenvolvimento comunitário a partir da cultura. Por lá, também pôs em prática diversas de suas práticas pedagógicas inovadoras, como a pedagogia da roda. Em 2016, o Ministério da Educação (MEC) reconheceu o CPCD como referência para a inovação e a criatividade na educação básica.

Conheça mais sobre as práticas pedagógicas criadas por Tião Rocha.

Jaqueline Moll

Uma das principais referências brasileiras sobre educação integral, Jaqueline Moll é pesquisadora e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela foi responsável pelo desenho e implementação do Mais Educação, programa do governo federal que teve início em 2007 e chegou a mais de 60 mil escolas públicas do país, impulsionando a educação integral.

Jaqueline acredita que o Brasil precisa de uma escola que acolha seus estudantes em todos os âmbitos, promovendo assim não somente o aprendizado das disciplinas no formato didático, mas também o exercício de outras áreas do desenvolvimento humano, como as artes, os esportes, a comunicação, a cidadania e a saúde, entre outras. “É uma educação que pensa a formação de maneira integral e prepara o indivíduo para exercer essa mesma participação depois, quando em contato com as esferas social e política.”

Leia mais em um perfil de Jaqueline Moll publicado pelo Jornal da UFRGS.

Macaé Evaristo

Professora da rede municipal de Belo Horizonte desde os 19 anos, Macaé Evaristo foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária municipal de educação em Belo Horizonte (em 2009) e também de secretária estadual de educação de Minas Gerais (em 2015).

Nascida em São Gonçalo do Pará, no interior mineiro, inspirou-se em sua própria mãe ao optar pela carreira docente. Em 2013, ela esteve à frente da Secretaria de Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI). Sua gestão instituiu a Bolsa Permanência, concedida a estudantes que atendiam aos critérios da política de cotas e a indígenas e quilombolas matriculados em universidades federais. A mineira é, desde então, uma referência nacional no debate sobre inclusão e diversidade na educação, e hoje exerce o mandato de deputada estadual.

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Maria Amélia Pereira Pinho (Péo)

Localizada em Carapicuíba, a Casa Redonda é um espaço que, no meio da natureza, recebe crianças de dois a seis anos para fazer o que elas mais sabem: brincar livremente. Fundadora dessa escola, a pedagoga Maria Amélia Pereira Pinho (1939-2021), mais conhecida como Péo, é reconhecida nacionalmente por defender e praticar o brincar com as crianças desde a primeira infância.

Ela acreditava que, através das suas infinitas brincadeiras, as crianças expressam “o modo singular de como elas se apropriam do mundo que está à sua volta por meio da espontaneidade, da imaginação e da alegria”. Péo complementa, poeticamente: “Urge no nosso tempo a compreensão da infância como portadora de uma cultura própria, cuja linguagem de conhecimento é o brincar. Esta cultura pertence a um misterioso universo simbólico, que exige daqueles que dela querem se aproximar uma atitude de profundo respeito e atenção por se tratar de uma linguagem que sagra a vida.”

Assista a uma palestra de Péo com o tema “Ensinando pela natureza”.

Nísia Floresta

Considerada a primeira feminista brasileira, a educadora e escritora Nísia Floresta (1810-1885) defendia ferozmente os direitos das mulheres, dos índios e dos escravizados. Não à toa, ela foi uma participante ativa das campanhas abolicionista e republicana.

Naquela época, quando tinham a oportunidade de ir à escola e aprender, as meninas só eram ensinadas a costurar, a cuidar do lar, a ter boas maneiras e, acima de tudo, as virtudes morais de ser uma boa mãe e esposa. Com a intenção de transformar essa realidade, Nísia abriu, em 1838, o Colégio Augusto, onde era ensinado às meninas matemática, gramática, escrita e leitura do português, francês e italiano, além de ciências naturais e sociais, música e dança.

Veja uma lista com todos os livros publicados por Nísia Floresta.

Darcy Ribeiro

Antropólogo, sociólogo, professor, escritor, indigenista e político. Darcy Ribeiro (1922-1997) foi tudo isso e mais um pouco, tanto que hoje é considerado um dos grandes defensores da educação pública e de qualidade, tornando-se uma referência em políticas públicas educacionais no Brasil.

Ele chegou a ser ministro da Educação por um curto período, antes do golpe militar de 1964. Já como vice-governador do Rio de Janeiro, entre 1983 e 1987, Darcy Ribeiro dirigiu a implementação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), projeto pedagógico que dava assistência em tempo integral a crianças, incluindo atividades recreativas e culturais para além do ensino formal. O CIEP era considerado uma iniciativa visionária.

Veja uma entrevista com Darcy Ribeiro.

Florestan Fernandes

Patrono da sociologia no Brasil, Florestan Fernandes (1920-1995) inovou ao utilizar seus profundos conhecimentos sociológicos para olhar a educação brasileira. Para ele, era preciso entender a razão da escola no país ser tão excludente, e para isso era necessário debater temas como desigualdade social e racismo. 

Ele acreditava no papel da escola como um meio de libertação da opressão social, defendendo que ela deixasse de reproduzir os mecanismos de exclusão da sociedade, tornando-se assim um espaço de liberdade. O sociólogo teve participação ativa na Campanha em Defesa da Escola Pública, que apoiou a elaboração da Constituição de 1988, e também na idealização da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), aprovada em 1996. Nessa última, inclusive, Florestan Fernandes foi quem propôs um piso salarial para os professores.

Assista um documentário sobre Florestan Fernandes.

Autor: Danilo Mekari

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

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