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Conheça a Aprendizagem Criativa e as tendências para a educação do século XXI

Dicas para ajudar os estudantes a lidar com a ansiedade durante avaliações 

Quem nunca sentiu aquele frio na barriga antes de fazer uma prova ou de apresentar um trabalho importante? Nesse artigo traremos dicas para ajudar os estudantes a lidar com a ansiedade durante avaliações escolares. A ansiedade é um mecanismo importante do cérebro que nos prepara para situações desconhecidas ou adversas. É por causa dela que ficamos mais atentos, nos preparamos melhor para determinada atividade ou até mesmo tomamos cuidado diante de algum perigo. Porém, essa resposta natural do corpo pode se transformar em um transtorno quando vem acompanhada de problemas físicos e emocionais desproporcionais aos desafios enfrentados.

Para a psicóloga Ana Carolina D’Agostini, consultora e coordenadora de formações do Instituto Ame Sua Mente, é preciso prestar atenção quando a ansiedade começa a trazer prejuízos para a vida dos estudantes, afetando sua forma de ser, de se relacionar, de estudar e de fazer as coisas que gosta. “Temos que olhar para a saúde mental como um espectro. Se de um lado a ansiedade pode ajudar na hora de se preparar para uma apresentação de trabalho, por exemplo, no outro extremo ela pode tirar o sono de um estudante, trazer muitos pensamentos negativos e abalar a sua autoestima”, explica.

É preciso prestar atenção quando a ansiedade começa a trazer prejuízos para a vida dos estudantes.

No ambiente escolar, diferentes fatores podem contribuir para que os alunos vivenciem níveis de estresse e ansiedade acima do normal. Um deles é o formato das avaliações, frequentemente concebido para mensurar o desempenho da turma somente ao término de um período letivo, negligenciando o trajeto de aprendizagem. Conforme observado por Ana Carolina, essa abordagem atribui um peso desproporcional à avaliação, levando o estudante a encará-la como o único momento para demonstrar tudo o que aprendeu ou desenvolveu.

“Se pensarmos em um ano letivo com quatro bimestres, quantas oportunidades não teríamos de olhar para esse estudante? A avaliação tem que potencializar o crescimento do aluno e apoiar o seu desenvolvimento”, destaca. Para isso, os educadores podem adotar uma mentalidade de crescimento em sala de aula, onde trabalham com uma linguagem mais propositiva, dão feedbacks constantes e acompanham a evolução da turma por meio de rubricas. “Começamos a dar outro peso para a construção do conhecimento, e isso faz uma diferença gigantesca”, reflete.

Além de alertar sobre a necessidade de repensar o processo de avaliação na escola, Ana Carolina também propõe algumas estratégias que os educadores podem adotar para auxiliar os estudantes a enfrentarem o estresse e a ansiedade durante esses períodos. Confira:

No ambiente escolar, diferentes fatores podem contribuir para que os alunos vivenciem níveis de estresse e ansiedade acima do normal.

Reserve períodos dedicados à prática de mindfulness

No início das aulas ou mesmo durante um intervalo, é benéfico reservar alguns minutos para que os alunos possam praticar mindfulness, prática de meditação direcionada para a atenção no tempo presente. Essa técnica auxilia a turma a se concentrar, a desenvolver maior consciência em relação à respiração e aos elementos que causam tensão.

Reserve períodos dedicados à prática de mindfulness

Leve conhecimentos sobre saúde mental e autocuidado para a escola

Ao incorporar no ambiente escolar um entendimento básico sobre saúde mental e autocuidado, os estudantes terão a chance de reconhecer e gerenciar melhor suas emoções. Além disso, eles poderão compreender os benefícios positivos que o exercício físico, o sono adequado e uma alimentação balanceada podem ter na promoção da saúde mental. Essa abordagem contribui não apenas para o desenvolvimento individual, mas também para a criação de um ambiente educacional mais consciente e equilibrado.

Leve conhecimentos sobre saúde mental e autocuidado para a escola

Engaje os estudantes por meio de projetos significativos

Ao conectar os conhecimentos a projetos concretos, os alunos conseguem perceber um propósito mais tangível em seu aprendizado. Essa abordagem não apenas aumenta a motivação, mas também fortalece a confiança na sala de aula, reduzindo as tensões frequentemente associadas a momentos como a apresentação de trabalhos. A relevância prática proporcionada pelos projetos cria um ambiente mais estimulante, onde o aprendizado se torna mais significativo e envolvente.

Ajude a turma a identificar distrações e pensamentos catastróficos

Seguindo a perspectiva da psicologia cognitivo-comportamental, nossas emoções são moldadas por pensamentos, os quais são precedidos por interpretações que fazemos do mundo ao nosso redor. Quando os estudantes começam a abordar isso de maneira mais consciente, adquirem a habilidade de reconhecer pensamentos excessivamente pessimistas, os quais nem sempre refletem uma análise precisa da situação. Isso promove uma mentalidade mais equilibrada e realista, capacitando-os a enfrentar desafios de forma mais construtiva.

Ajude a turma a identificar distrações e pensamentos catastróficos

Converse com os alunos e não force os limites

Ao perceber que um estudante está visivelmente desconfortável com avaliações ou apresentações em grupo, evite forçar a situação. Em vez disso, proponha uma abordagem gradual e flexível. Converse para compreender como ele se sente em relação às apresentações, por exemplo, oferecendo opções que respeitem seu nível de conforto e confiança. Sugerir a divisão da apresentação em partes menores ou propor a exposição do trabalho para um grupo menor pode ajudar a construir uma confiança progressiva. Essa abordagem, alinhada com uma atmosfera de respeito e compreensão, permite que expressem quem são de maneira mais autêntica, ao mesmo tempo em que vão enfrentando seus desafios aos poucos, sem causar situações traumáticas.

Converse com os alunos e não force os limites

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Autora: Marina Lopes

*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir

Como organizar e mediar o trabalho em grupo

O trabalho em grupo é uma ótima oportunidade para que os estudantes desenvolvam habilidades, compartilhem responsabilidades e aprendam a conviver de forma respeitosa. Mas para que eles tenham autonomia para desenvolver seus projetos, os educadores também precisam dedicar um tempo para organizar as equipes e construir um ambiente de colaboração na sala de aula.

Existem vários resultados que podem ser alcançados com um trabalho em grupo, mas dois deles são primordiais: aprender a escutar e aprender a falar. Essa perspectiva é reforçada pelo doutor em educação Sérgio Daniel Ferreira, diretor do Instituto CLQ, onde trabalha com formação continuada de professores e coordena projetos de tecnologia na educação.

“Se pensarmos em um projeto que as crianças irão desenvolver ao longo do ano, do trimestre ou do semestre, vão surgir algumas turbulências, seja do ponto de vista do convívio pessoal ou do desafio de resolver um determinado problema. São várias possibilidades e habilidades que estão envolvidas, mas as principais são desenvolver uma escuta atenta e uma fala que não atropele o colega”, garante Sérgio.

Para a professora Mary Sônia Dutra, que dá aulas para turmas do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental em Parintins (AM), o desenvolvimento dessas e de outras habilidades acontece à medida que os estudantes são envolvidos e engajados em torno de um problema ou desafio. “O trabalho em grupo propõe justamente essa situação de cooperação. Se eu tenho um problema e vou discutir com o grupo, percebo que a resolução precisa ser cooperativa”. Ela ainda completa: “A habilidade que você desenvolve de entender e aceitar o outro é muito importante”. 

A organização do trabalho em grupo 

A partir da sua experiência, Mary diz que a organização do trabalho em grupo pode até consumir bastante tempo do educador, mas os resultados de aprendizagem e o envolvimento dos estudantes fazem valer a pena todo o percurso. “Não é apenas aquilo que o livro didático propõe. Dentro do currículo, o caminho do conhecimento começa a ganhar novas linhas”, destaca a professora. Como exemplo, ela cita um projeto que desenvolveu recentemente com uma de suas turmas. 

Na aula de ciências, enquanto estudavam sobre os alimentos, os estudantes começaram a perguntar de onde vinha a cor do arroz que eles estavam acostumados a comer. “Foi aí que apareceu o colorau, um tempero típico da nossa região, que vem do Urucum”, lembra Mary. Essa curiosidade foi o ponto de partida para um projeto de investigação coletivo sobre alimentos e condimentos usados na culinária regional. “Fomos até visitar uma plantação de Urucum com eles”, conta. 

Para organizar a turma em grupos e desenvolver um projeto como esse, além de partir de temas que despertem o interesse dos alunos, a professora afirma que é importante fazer combinados. “A primeira regra coletiva costuma ser o respeito”, diz Mary, ao mencionar que eles precisam aprender a lidar com divergências de ideias entre os colegas. “Costumo falar que nem sempre a ideia deles vai prevalecer, mas ela também é importante”, comenta. 

Outro ponto importante para dar início a um trabalho em grupo é a própria organização das equipes. “Na construção do grupo, é importante que os estudantes saibam por que esse grupo existe”, ressalta Sérgio. Um dos caminhos para isso, conforme ele sugere, é sejam apresentadas habilidades descritivas ou exemplos de habilidades para os estudantes tentarem identificar as que têm mais e menos domínio. A partir daí, o educador pode perguntar para turma o que seria um bom grupo de trabalho. A ideia é que, juntos, eles cheguem à conclusão de que é importante unir diferentes habilidades em uma equipe.

É igualmente essencial antecipar potenciais desafios que podem surgir ao longo do percurso. De acordo com Sérgio, uma maneira eficaz de realizar isso é por meio da elaboração de rubricas. Dessa forma, os estudantes têm clareza desde o início sobre o que é esperado deles, quais são as atribuições do professor e o que deve ser gerenciado pelo próprio grupo. “Às vezes eu não sei o que o professor espera. Eu sigo em um caminho e depois me sinto mal avaliado ou injustiçado”, exemplifica. “É importante também dizer para os estudantes que fazer mais é ganho pessoal e fazer menos é uma perda pessoal”, sugere. 

Ao final do processo, para complementar o processo avaliativo, os estudantes também podem fazer um registro reflexivo sobre o que aprenderam, quais foram os desafios, em quais etapas eles tiveram dificuldade, entre outros pontos. 

Trabalho em grupo entre professores 

Na outra ponta, Sérgio também observa que os desafios ao trabalhar em grupo não são exclusivos dos estudantes; os professores também podem enfrentar dificuldades nesse processo. Para superar essa barreira, ele propõe que os coordenadores pedagógicos promovam ações que fortaleçam a conexão entre a equipe. Durante encontros, formações ou reuniões, por exemplo, podem incentivar os professores a compartilhar suas motivações para escolherem a profissão ou revelar alguns gostos pessoais aos colegas. “Às vezes, tenho um colega que é um excelente cozinheiro ou pintor. Conhecer as histórias dos professores contribui para humanizar a equipe. Essa abordagem também pode ser aplicada com os alunos”, conclui.

Autora: Marina Lopes

*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

Quebra de estereótipos sobre meninas na ciência começa na escola

Estimular a igualdade de gênero na escola permite que meninos e meninas desenvolvam todo o seu potencial. Mas ainda há uma série de barreiras a serem enfrentadas. Quando se fala de STEAM (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, arte e matemática), por exemplo, o assunto ainda é distante do universo das meninas. 

No Brasil, 62% das estudantes não conhecem nenhuma mulher que trabalha na área, aponta a pesquisa “Meninas curiosas, mulheres de futuro”, feita pelo projeto Força Meninas. No entanto, até 2025, serão criados 797 mil empregos em TI (Tecnologia da Informação) no país, informa o mesmo levantamento. Como os professores podem acabar com os estereótipos, estimular e capacitar a participação das meninas na ciência?


Para Débora Garofalo, professora de tecnologias reconhecida internacionalmente pelo trabalho de robótica com sucata – ela é uma das finalistas do Global Teacher Prize de 2019, tido como o Prêmio Nobel da Educação –, é preciso quebrar com a ideia, ainda na infância, de brinquedos e ferramentas só para determinado gênero. “Há um machismo estrutural dentro da nossa sociedade, mas essas dores precisam ser trabalhadas”, diz a educadora que atualmente colabora com secretarias de educação na construção de políticas públicas para democratizar o acesso à tecnologia e inovação. 

O primeiro passo é criar uma aula acolhedora, na qual todos se sintam confortáveis e motivados a participar, criando estratégias para aumentar a confiança das meninas na ciência, com materiais relacionados e disponíveis de maneira igualitária entre toda a turma.

A estratégia vai ao encontro do que mostra uma pesquisa da Universidade de Houston e da Universidade de Washington, nos Estados Unidos: logo no início do ensino fundamental, muitas crianças já acreditam que os meninos estão mais interessados ​​do que as meninas em ciência da computação e engenharia, o que pode afetar as garotas em participar das atividades sobre STEAM. Por isso, o combate aos estereótipos deve ser estimulado desde cedo. 

Colocar as meninas à frente de projetos como feiras de ciências e tecnologias, para que os meninos entendam o protagonismo das colegas, também é uma recomendação de Débora. 

Vale contar para a turma como no passado as meninas eram mal vistas quando desmontavam e remontavam as coisas, mas que hoje isso é sinônimo de criatividade e interesse. Colocar a mão na massa faz com que as alunas se sintam mais estimuladas a experimentar diferentes aspectos do STEAM, sugere Débora. “A robótica está presente em diversas áreas da nossa vida e muitas mulheres estão por trás disso”, reforça. Dividir com a turma exemplos de grandes mulheres na área e como essas pesquisadoras têm trajetórias inspiradoras é outro caminho que a educadora trilhava. 

Com a proposta de destacar o papel de cientistas mulheres para estudantes do ensino fundamental e apoiar formação de professores na área, foi criado o projeto Menina Ciência, Ciência Menina, na UFABC (Universidade Federal do ABC), em São Paulo (SP). O curso é composto por palestras e atividades práticas, com objetivo de mostrar diferentes áreas de atuação. 

“Eu sou formada em física, e muita gente entendia que a minha formação era educação física. Sempre fui uma das poucas mulheres a trabalhar em indústrias, laboratórios. Quando comecei a atuar com formação de professores, entendi que precisava fazer algo”, conta Maria Inês Ribas Rodrigues, coordenadora da iniciativa, sobre a necessidade de ampliar o debate sobre as meninas na ciência.

“As meninas são extremamente criativas. Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na ciência”

Programas que apoiam a representatividade e o trabalho das garotas nas áreas científicas servem para ampliar horizontes. “Queremos que as meninas tenham amplo acesso e possam ser livres para escolher o que elas querem fazer”, comenta. “É importante que elas descubram desde cedo habilidades que talvez acreditassem que não tinham.”

As entrevistadas concordam que promover as áreas de ciências e de carreiras de exatas nas escolas gera impacto não só para a aprendizagem, como para autoestima das estudantes. Para elas, além das questões de gênero, outras frentes precisam ser observadas quando se leva o STEAM à sala de aula. 

Segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica 2023, 80% dos estudantes brasileiros estão matriculados na rede pública. “Além do gênero, quando falamos de ciências, precisamos também nos atentar às questões raciais, da presença de meninas das periferias nas ciências. São questões ainda mais sensíveis, mas para as quais temos de olhar e investir”, reforça Maria Inês.

A formação inicial e continuada dos professores também é fundamental para promover a equidade de gênero. Os educadores devem olhar para a área com mais profundidade e entender quais barreiras impedem que as meninas se aproximem das áreas STEAM, como reforçam Débora e Maria Inês. 

“Temos uma grande carência na formação inicial de professores. Faltam vivências. Eles também precisam de momentos de formação em STEAM, que vem crescendo e tem o poder de ressignificar a nossa educação por meio da criatividade, dos pilares da cultura maker, da robótica”, aponta Débora. Ela ressalta que as políticas públicas devem vir acompanhadas de programas eficientes, que tragam a questão de gênero e o trabalho mão na massa diferenciado e significativo no processo de ensino-aprendizagem. “Afinal, as meninas são extremamentes criativas. E o lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive na ciência”, completa.

Autora: Ana Luísa D’Maschio e Marina Lopes

*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

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