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Retrospectiva 2022: Aprendizagem Criativa traz protagonismo estudantil e leveza para conteúdos

Durante o ano letivo de 2022, a retomada presencial trouxe desafios e novas perspectivas para professores de todo o Brasil. Para muitos, também foi o momento de intensificar a Aprendizagem Criativa nas suas aulas, estimulando o aprendizado por meio de 4 Ps: projetos, paixão, pares e pensar brincando. Para refletir sobre as descobertas desse período e apontar caminhos para 2023, incentivamos alguns educadores a fazer uma retrospectiva do trabalho que foi realizado nos últimos 12 meses.  

Para Ana Beatriz Ramalho, que há 23 anos trabalha na educação, a lógica da Aprendizagem Criativa proporciona grande protagonismo aos estudantes, algo que tem excelentes respostas com a geração atual. “Diante das mudanças que a educação vem apresentando, os processos também precisam de mudanças. Cada dia recebemos estudantes mais dinâmicos, que necessitam de aprendizagem prática e ativa”, afirma ela, que é professora no Colégio Marista Paranaense, de Curitiba (PR). “Os estudantes se sentem livres para imaginar,  idealizar e criar, brincar, compartilhar,  refletir e replanejar, caso seja necessário”, diz. 

Segundo a docente, com a Aprendizagem Criativa, prazer, responsabilidade e valores caminharam juntos em suas aulas. “A Aprendizagem Criativa proporciona ao estudante ser responsável pelo seu aprendizado, tornando-o protagonista da ação, desenvolvendo o senso crítico, estimulando o engajamento e a participação nas aulas e usando sua criatividade para a resolução de problemas. Isso tudo em um ambiente em que as interações são lúdicas e o trabalho em equipe traz o respeito sobre ideias e opiniões divergentes”, conta Ana Beatriz, que em 2022 foi professora regente de uma classe de 2o ano.

“A Aprendizagem Criativa proporciona ao estudante ser responsável pelo seu aprendizado”

Nas aulas, a turma aproveitou diferentes espaços da escola, mas sobretudo um Espaço Maker que há no local. Durante o ano, as crianças conseguiram perceber as conexões entre os conteúdos de classe com o mundo real. Como a experiência foi avaliada como positiva, a ideia de Ana Beatriz é continuar esse tipo de trabalho. “Para 2023, o objetivo é ampliar a troca entre profissionais de outras regiões”, afirma. 

Em Recife (PE), Josefa Laís Silva Oliveira, professora do colégio Geração do Futuro, também aplicou os conceitos da Aprendizagem Criativa durante 2022 e pretende levar as práticas para 2023. Ela garante que a abordagem permitiu valorizar mais os conhecimentos e habilidades prévios que os alunos possuem, algo que pretende adotar para sempre em suas aulas. “Fortalecer o que o estudante traz consigo, a bagagem que cada um tem, é de suma importância para que ele possa se sentir parte do processo. Hoje eu vejo na sala de aula que os alunos são muito criativos, que têm um domínio sobre a tecnologia. Com a Aprendizagem Criativa, o professor aproveita esses pontos para tornar a aula mais rica”, explica.

Durante o ano, Laís sentiu também muita alegria dentro da sala de aula. “Foi gratificante e satisfatório para o desenvolvimento dos meus alunos e para o meu, como professora. Esse contato com a criatividade enriquece as aulas, fazendo com que meus alunos aprendam também os conteúdos programáticos, mas de forma mais leve”, diz.

Olhar para si e para os outros

O ano de 2022 foi o segundo em que Márcia Aparecida Hernandes trabalhou com a Aprendizagem Criativa. Ela pretende seguir na mesma linha em 2023, mas isso não significa repetir as mesmas aulas. “A cada ano as experiências ficam mais ricas e novas ideias surgem. Nunca de um ano para o outro a gente vai propor as mesmas situações, porque o grupo é outro, as habilidades e os interesses também são outros. A Aprendizagem Criativa mostra para o professor o quanto ele deve estar atento e deve buscar propostas diferenciadas, para não ficar preso a uma mesma coisa. Até para que a gente cresça como profissional”, diz Márcia, que há 36 anos trabalha com educação e ainda tem vontade de experimentar o novo.

Como aprendizado, ela acredita que o reconhecimento das individualidades – a própria e a dos outros – é uma das maiores lições que a proposta pedagógica tem deixado para a comunidade escolar. “A Aprendizagem Criativa trouxe uma oportunidade bacana de as crianças trabalharem suas habilidades, e do grupo perceber que cada pessoa possui uma habilidade mais aguçada que outra. Trabalhar no grupo pode transformar as crianças em pessoas melhores, principalmente na possibilidade de cada um se conhecer e saber do que é capaz, assim como de aceitar o outro como ele é, respeitar o que ele traz”, explica. 

“A Aprendizagem Criativa mostra para o professor o quanto ele deve estar atento e deve buscar propostas diferenciadas”

Ter um ambiente em que todos se sintam seguros, sem medo de julgamentos – e em que todos aprendem a não julgar os outros – é um dos fatores indispensáveis para o sucesso da abordagem, defende a docente. 

O autoconhecimento tem sido algo desenvolvido não só pelos alunos, mas pela própria professora. “Eu descobri muitas coisas. Ficou claro para mim que sou uma pessoa criativa, mas não tanto nas questões da mão na massa. Percebi que esse é meu maior desafio: desenvolver as habilidades de transformação do real. Tenho certeza que o projeto está aí para nos desafiar cada vez mais.”

Autora: Luciana Alvarez

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

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