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Colégio Uirapuru implementa Programa de Aprendizagem Criativa para fortalecer o trabalho interdisciplinar e o protagonismo juvenil

De que forma os estudantes de uma escola localizada em Sorocaba, no interior de São Paulo, poderiam apoiar as crianças de Brumadinho (MG) após a tragédia ambiental que atingiu a região, em janeiro de 2019?

Os mais de 600 quilômetros que separam as duas realidades não foram suficientes para impedir que os alunos do Colégio Uirapuru, instigados pelas atividades do Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell, enviassem cartas de solidariedade aos jovens moradores da cidade mineira. 

“Todos os nossos alunos do Ensino Fundamental 1 mandaram cartas”, afirma Andrea Vazatta, coordenadora pedagógica do Colégio Uirapuru. “Um mês depois, chegaram as respostas das crianças de Brumadinho, contando como estavam e o que passaram. Foi uma aproximação intensa.”

A atividade marcou o início da implementação do Programa no colégio, em 2019. Dentro da proposta de um micromundo de aprendizagem chamado “Jovens Arquitetos”, os estudantes deveriam construir abrigos temporários para moradores de territórios afetados pelas fortes chuvas. Entretanto, o desejo de ajudar as crianças que viveram de perto a tragédia de Brumadinho falou mais alto. 

“Todos os micromundos geram nas crianças uma ação de vivência e responsabilidade com o cotidiano, com as pessoas e valores”

Crédito: Colégio Uirapuru

“Todos os micromundos geram nas crianças uma ação de vivência e responsabilidade com o cotidiano, com as pessoas e valores”, explica Andrea. Mas, afinal, o que são os micromundos e como eles envolvem as crianças em um contexto imersivo e lúdico de aprendizagem? Para isso, é preciso entender como está estruturado o Programa de Aprendizagem Criativa.  

O Programa

Hoje, presente em 18 escolas brasileiras, nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco, a iniciativa oferece um conjunto de estratégias conectadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para estimular a inovação, a criatividade, a resolução de problemas e, claro, a diversão no processo de ensino-aprendizagem. 

Desenvolvido em parceria com o pesquisador Leo Burd, do MIT Media Lab, o Programa possui três pilares que baseiam suas ações: 

  • os micromundos, ambientes que estimulam explorações e conexões pessoais com os temas e materiais disponíveis;
  • as atividades que utilizam metodologias mão na massa, storytelling e design thinking;
  • e a formação e acompanhamento da equipe pedagógica em Aprendizagem Criativa.

Aplicados na sala de aula, com metodologias mão na massa, storytelling e design thinking, os micromundos de aprendizagem permitem que os alunos explorem a criatividade e expressem suas ideias de maneiras diversas, participando ativamente de sua própria aprendizagem e tendo o professor como um parceiro e mediador.

O Programa dentro do currículo

No Uirapuru, com a implementação do Programa de Aprendizagem Criativa, todas as disciplinas passaram a ser integradas com os micromundos. Isso foi possível por meio de reuniões entre professores, coordenação e a equipe da Faber. Tudo para garantir que “todos tenham a compreensão de todo o processo, e que também possam contribuir em suas aulas para ampliá-lo”, conforme explica a coordenadora pedagógica.

Em sua visão, a abordagem interdisciplinar é um fator primordial para o sucesso do Programa no colégio, gerando grande participação e envolvimento dos estudantes. “Eles se tornam protagonistas em suas aprendizagens, realizam ações em grupo, se preocupam com o meio em que vivem e com o próximo. Hoje, muitas crianças me procuram para apresentar ideias ou criar novos projetos com as narrativas dos micromundos, visando sempre a melhoria do cotidiano escolar”, garante Andrea.

O forte vínculo do Programa com o currículo escolar também é um fator essencial para que o Uirapuru seja uma das referências no que se refere à implementação da iniciativa. Na avaliação de Carolina Luvizoto, gerente de Educação da Faber-Castell, “desde o início, já chamava a atenção como a equipe gestora tinha uma atuação muito próxima dos professores, garantindo integração entre o Programa e o currículo de maneira estrutural. Quando a escola entende o valor disso, o projeto tem sucesso, e hoje usamos o planejamento realizado com o Uirapuru como referência para as outras escolas que têm interesse no Programa.”

Consultora educacional do Programa, Naíma Rocha também considera o colégio “amadurecido” dentro da proposta pedagógica da Aprendizagem Criativa. “Lá, conseguimos pensar no desenvolvimento dos projetos de forma diferente, ampliando o que está proposto”, aponta. 

Naíma cita, por exemplo, o envolvimento do colégio com o micromundo “Rua das Crianças”, que propõe aos estudantes observar as ruas do entorno da escola e pensar como esses espaços podem ser mais amigáveis para eles. “Então, eles sugeriram a criação de um parklet que seja um espaço de convivência para todos, onde possam interagir mais e melhor. E, dentro da narrativa criada pelo micromundo, os alunos enviaram essa proposta para o prefeito da cidade.”

Uma escola de micromundos

No início, um dos desafios da gestão do colégio foi encontrar os espaços para a implementação de cada micromundo. Porém, foi virando a chavinha desse pensamento que a resposta apareceu: as ambientações dos micromundos, hoje, estão em todos os espaços da escola, dos corredores ao pátio, do quintal às salas de aula. “A criatividade para fazer um micromundo pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento”, define Andrea.

As atividades de um micromundo, em geral, duram um bimestre, sendo organizados quatro por ano. Para definir o tema central e qual será a narrativa que conecta cada disciplina com aquele micromundo, o colégio realiza uma série de reuniões entre a coordenação pedagógica, os professores e a equipe do Programa. 

“A criatividade para fazer um micromundo pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento”

Crédito: Colégio Uirapuru

Para exemplificar esse processo, Andrea também lembra de outro micromundo: o “Mundo Invisível”. A partir dele, os micro-organismos do planeta foram trabalhados em diferentes componentes curriculares: na aula de Ciências, o conteúdo foi articulado ao reino das bactérias e dos fungos; em Português, trabalhou-se a escrita e a documentação científica; em Inglês foram escritas as legendas para o espaço expositivo; em Matemática, as simetrias das algas foram analisadas e calculadas; em Geografia, estudou-se sobre vegetação e clima favoráveis para os seres microscópicos; já em História, produziu-se uma linha do tempo com a evolução destes seres.

O micromundo ficou ainda mais completo com os trabalhos relacionados às Artes (construção de elementos para a ambientação do micromundo), à Música (sons dos seres e reprodução corporal) e à Educação Física (movimento dos seres).

Como implementar o Programa na sua escola 

Para as escolas interessadas em implementar o Programa, são previstas três etapas iniciais: o diagnóstico escolar, a formação de professores e a oficina com as famílias. “Em um primeiro momento, precisamos definir quem faz parte da escola, qual é a comunidade escolar, quais são os objetivos, quem são os professores responsáveis pela implementação. Na sequência, promovemos uma formação docente para garantir que eles se apropriem e se encantem pela Aprendizagem Criativa. Por fim, propomos uma oficina com as famílias, para que haja engajamento também em casa, garantindo que elas entendam e acolham a empolgação das crianças”, elenca Carolina. 

Daí em diante, há um acompanhamento mensal das escolas, com formação continuada e monitoramento dos resultados do Programa. “Estamos lá para ajudar os professores no que for preciso”, declara Naíma. “Oferecemos repertório, conteúdos e conceitos novos, olhando o que os alunos estão desenvolvendo, ajudando a planejar e replanejar. As escolas são diferentes umas das outras e precisamos nos adequar ao tipo de escola, entendendo de fato qual é a demanda e o nosso papel nesse espaço, com um olhar sensível para entender quais são as necessidades para evoluir com o Programa dentro da escola.”

Hoje, além das 17 escolas com o Programa em andamento, outras 25 já implementaram o Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell, englobando um universo de mais de 10 mil estudantes. Se a sua escola também se interessa por esse tipo de abordagem, estimulando a criatividade e o protagonismo estudantil, entre em contato por este formulário ou através do e-mail aprendizagem.criativa@faber-castell.com.br

Autor: Danilo Mekari

*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir

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