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Imaginação e realidade fortalecem o ativismo ambiental de crianças

Cuidar da biodiversidade do planeta é um assunto sério, mas nem por isso deve deixar de ser tema de discussão com os pequenos. Desde muito cedo eles têm capacidade de compreender os problemas e sugerir soluções. Para isso, contudo, a escola deve aproveitar o potencial de imaginação natural da infância para estimular o ativismo ambiental de crianças. 

Durante o início do ano letivo, a equipe docente da escola Fantasia, de Araraquara (SP), trabalhou com atividades do Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell, para fortalecer um projeto de educação ambiental que é realizado há 18 anos na escola. Na Jornada da Biodiversidade, as crianças puderam imaginar e desenvolver propostas com impacto real na cidade onde vivem.  

“Em vez de falar do lado negativo e da capacidade humana de degradar, escolhemos mostrar o outro lado: o que nós temos a oferecer para fazer um bom uso da biodiversidade”, conta Karina Bramante, coordenadora do Ensino Fundamental da instituição.

As crianças começaram o processo explorando o que existe no município, desde recursos naturais até políticas públicas ambientais. Depois, em diálogo com as propostas dos micromundos de aprendizagem, passaram a imaginar o que poderia ser feito para transformar essa realidade.   

Acervo Faber-Castell

Graças a uma parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, os estudantes também puderam saber mais sobre os desafios da sua região. A pedido da escola, equipes técnicas foram conversar com as crianças. “Eles contaram sobre os problemas que tiveram com as hortas comunitárias na cidade de forma muito honesta, e isso foi importante para que os alunos pudessem pensar em propostas depois”, conta a coordenadora. 

A conexão entre o global e o local foi evidente em todas as fases do projeto para fortalecer o ativismo ambiental das crianças. Da mesma forma que elas assistiram a um vídeo sobre os perigos enfrentados pelas baleias no mundo, os biólogos de Araraquara discutiram os riscos dos gambás, que são importantes para a fauna local, mas às vezes invadem residências e são mortos por falta de conhecimento da população.

Pela proposta do Programa de Aprendizagem Criativa, contudo, não basta saber na teoria: as crianças precisam aplicar os conhecimentos em um projeto mão na massa. Na Aventura Criativa “Meu Povo, Minha Cidade”, por exemplo, crianças de 4 anos foram conhecer o sistema de reciclagem da cidade e fizeram entrevistas com o responsável da Secretaria do Meio Ambiente e com funcionários da limpeza do colégio. Para completar, eles produziram papel reciclado, que mais tarde foi usado em uma atividade da própria jornada.

“Eles fizeram todo o processo de reciclagem, usando sobras de papel de uma gráfica vizinha. No dia da jornada, os pais e as crianças escreveram recados nesses papéis. Eles deixaram feedbacks do que acharam do evento para compor um mural na escola”, explica a professora de arte, Júlia Felício. Nesse caso, as crianças conseguiram aproveitar resíduos que seriam descartados e aplicaram isso em algo útil para a comunidade escolar. 

Acervo Faber-Castell

Essa foi apenas uma das atividades para fortalecer o ativismo ambiental das crianças. Da turma de 4 anos da Educação Infantil até a do 5o Ano do Ensino Fundamental, todos puderam contribuir com o evento. “Cada sala construiu algo próprio, mas os projetos conversavam entre si. Os pais vieram para a escola não só para ver o trabalho dos filhos, mas a apresentação completa, porque era uma jornada de verdade. E as crianças ficaram muito empolgadas com o resultado global”, diz Júlia. 

Outro diferencial foi o protagonismo dos alunos, que foram os idealizadores e os “fazedores” de todo o evento. “Tinha a mão dos alunos em tudo: no convite, na divulgação com vídeos no Instagram e até no folheto explicativo entregue às famílias. Eles participaram muito, em todas as fases”, ressalta Naíma Rocha, consultora educacional da Faber-Castell. 

Para as educadoras, porém, o mais importante não foi o evento em si, mas os aprendizados que ele promoveu. “A gente espera que eles carreguem essa consciência ambiental para a vida. Ainda ontem uma aluna veio falar comigo sobre o que temos que fazer na praça que a escola adotou”, conta Karina, ao mencionar que durante a jornada a escola assumiu o compromisso de cuidar de uma praça de Araraquara. “Também sei que vários estudantes continuam falando com os pais sobre o IPTU Verde, para convencer eles a instalarem painéis solares (o município dá desconto no valor do imposto para quem adotar algumas medidas de sustentabilidade)”, cita Karina.

Com os estímulos certos, essa é uma geração que desde cedo está se engajando no ativismo ambiental, reforça a coordenadora. “Percebo que eles têm uma boa capacidade de interagir, questionar e promover visões diferentes para um mesmo problema. São habilidades úteis nas disciplinas escolares e também para a vida”, conclui. 

Autora: Luciana Alvarez

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

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